Conta de luz ficará mais barata ou mais cara em setembro?

By Marilia Criscuolo In Bolt Labs, Sem categoria

29

ago
2025

A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) anuncia nesta sexta-feira (29) a bandeira tarifária que irá vigorar no mês de setembro. O sistema de bandeiras sinaliza o custo real da energia gerada no país. A divulgação, portanto, vai indicar se a luz elétrica ficará mais cara ou mais barata para os brasileiros ao longo do próximo mês.

Especialistas no setor elétrico projetam que a bandeira tarifária de setembro deva permanecer no patamar vermelho 2 – o mais alto do sistema –, mas com alguma possibilidade de recuar para vermelho 1 (entenda a diferenciação abaixo). Na prática, significa manter o sistema operando sob tarifas mais onerosas ao consumidor.

Aumento na conta, provavelmente, não teremos. Já estamos na bandeira vermelha patamar 2, que é a maior que existe. E a escassez hídrica, que é um quadro de exceção, parece improvável — avalia o diretor operacional da Siclo Consultoria em Energia, Plínio Milano.

Os critérios em análise vêm do clima. Os reservatórios de água se elevam de dezembro a abril no país. E reduzem de maio a novembro. Até novembro, portanto, a curva dos reservatórios, exceto na região Sul, é de comportamento decrescente. Quer dizer que haverá menos água disponível nos reservatórios que abastecem as hidrelétricas nos próximos meses, por isso a tendência de permanência do patamar atual.

Apesar disso, os níveis ainda estão em patamar considerado bom. A região Sudeste, “caixa d’água do Brasil”, tem o segundo melhor nível de armazenamento dos últimos 10 anos, cita Milano. Por isso, cogita-se a chance de redução de patamar 2 para 1.

Em julho, a bandeira vermelha patamar 1 vigorou no país, com acréscimo de R$ 4,46 a cada 100 kWh consumidos. Em agosto, o cenário mudou e a bandeira vermelha patamar 2 foi acionada, elevando o custo adicional para R$ 7,87 a cada 100 kWh.

Matheus Lacerda Machado, especialista de inteligência de mercado do Grupo Bolt, que atua no setor de energia, projeta que os próximos meses possam ser de alívio no bolso. Mas pondera que o cenário atual, mais oneroso, tende a se repetir em 2026. — Estamos no limiar, mas ainda sem expectativa de que recue para a bandeira amarela. De outubro em diante, tende a aliviar, mas com um risco ainda grande de patamar 2. Em novembro e dezembro, vejo como possível o amarelo e um primeiro semestre de 2026 com a verde. De maio para frente, volta o chamado risco de bandeira — diz o especialista.

O calendário de acionamento tarifário é divulgado pela Aneel no início do ano. O próximo ajuste, para o mês de outubro, será informado no dia 29 de setembro.

Por que as bandeiras mudam?

O sistema de bandeiras tarifárias foi criado pela Aneel em 2015. Ele serve como um sinal ao consumidor sobre o custo real da produção de energia elétrica no país. O cálculo considera fatores como a situação dos reservatórios hídricos, que abastecem as hidrelétricas, e o uso de fontes mais caras de geração — as termelétricas, por exemplo. O valor da conta de luz varia conforme as oscilações nesses fatores.

Existem quatro tipos de bandeiras:

>Bandeira verde: indica condições favoráveis de geração de energia. Neste caso, a tarifa não sofre nenhum acréscimo.

>Bandeira amarela: indica condições menos favoráveis de geração, exigindo um acréscimo no valor da conta de luz. A tarifa é de R$ 18,85 por MWh (megawatt-hora) utilizado, ou seja, R$ 1,88 a cada 100kWh.

>Bandeira vermelha: indica condições ainda mais desfavoráveis de geração, com acréscimo maior na tarifa. Esta bandeira possui dois patamares: o patamar 1 e o patamar 2, com valores de acréscimo diferentes. Patamar 1: a tarifa é de R$ 44,63 por MWh utilizado, ou seja, R$ 4,46 a cada 100 kWh. | Patamar 2: o custo é de R$ 78,77 por MWh utilizado, ou seja, R$ 7,87 a cada 100 kWh.

>Bandeira de Escassez Hídrica: é aplicada quando a escassez hídrica é considerada severa e utilizada em situações extremas, como uma seca prolongada. Seu acionamento gera um acréscimo ainda maior na tarifa: de R$ 14,20 a cada 100 kWh consumidos.

Por Bruna Oliveira
Zero Hora – 29/08/2025