Preços da energia aceleram e superam os R$ 300/MWh após revisão da previsão de carga para 2025

By Marilia Criscuolo In Bolt Labs

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2025

São Paulo, 04/08/2025 – Os preços da energia para os próximos meses passaram por forte valorização nesta segunda-feira, 4, reagindo aos ajustes da previsão de carga para este ano, no âmbito da Segunda Revisão Quadrimestral do Planejamento Anual da Operação Energética (PLAN) 2025-2029, divulgada pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) e a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) na noite da última sexta-feira, 1º.

Na plataforma de negociação BBCE, destaque para a alta de 22% no valor do megawatt-hora para entrega em setembro, que fechou esta segunda-feira aos R$ 300,40, ante os R$ R$ 244,99 do fechamento da última sexta-feira. Durante o dia, chegou a superar os R$ 309/Mwh. Já o contrato para outubro encerrou o dia aos R$ 330,00 por MWh, alta de 19,5%, frente os R$ 276 do fechamento de sexta-feira, após superar os R$ 337/MWh.

As autoridades setoriais reduziram a previsão de carga em 1.329 megawatts médios (MWmed), para 81.542 Mwmed. O novo montante ainda corresponde a um crescimento de 1,9% frente o registrado no ano passado. A previsão anterior era de um avanço de 3,7%.

Os agentes do setor elétrico já esperavam uma redução da carga, tendo em vista que ao longo dos últimos meses o consumo verificado frustrou as expectativas e ficou abaixo do inicialmente previsto no PLAN. No entanto, o nível do corte na carga para 2025 surpreendeu porque a expectativa era de um corte mais intenso, tendo em vista os valores realizados até julho e nas previsões para os meses de agosto e setembro divulgadas pelo ONS no fim do mês passado, no Programa Mensal de Operação (PMO).

Segundo o líder de “Middle” da Bolt Energy, Matheus Machado, a revisão feita pelas autoridades setoriais soou como “um grande aumento de carga”. De acordo com ele, o mercado já vinha precificando uma redução mais intensa da carga e hoje foi dia de ajustes.

Para o sócio da Stima Energia Thiago Pietrafesa, com base no registrado até julho e as previsões de agosto e setembro divulgadas pelo ONS, esperava-se um redução da ordem de 1,5 GW. Ele afirma que o corte feito na projeção reflete praticamente o que já foi verificado no comportamento da carga. “No futuro a redução foi bem pequena”, diz, referindo-se sobretudo ao quarto trimestre.

Ele cita o recorte mês a mês, em que a diferença entre o projetado e o que vinha sendo observado chegou a 3,8 GW em julho e as previsões do PMO apontavam para níveis similares em agosto, diminuindo para 2,2 GW em setembro. Diante disso, na prática a diferença entre o projetado anteriormente e a nova previsão passa a ser de um montante entre 600 MW e 900 MW para os meses de outubro a dezembro, o que, na visão dos agentes não é factível.

ONS, CCEE e EPE justificaram que a redução da previsão de carga foi “influenciada principalmente pela ocorrência de temperaturas mais amenas no período de abril à julho”. Entre as premissas macroeconômicas para a elaboração do estudo, as instituições elevaram a previsão do produto interno bruto (PIB) de 2,2% para 2,3%, tendo em vista o crescimento econômico registrado no primeiro trimestre.

Para profissionais do mercado, a piora do cenário macroeconômico e geopolítico observado desde abril, quando foi divulgada a projeção anterior, não foi levada em consideração, mas indicada apenas como fator de risco para a realização das previsões de médio prazo, até 2029. Foram citados riscos de “conflitos geopolíticos, eventos climáticos extremos, questão fiscal e dinâmica inflacionária”.

Para os anos de 2027, 2028 e 2029, as autoridades setoriais elevaram as previsões de crescimento da carga, provocando questionamentos entre os profissionais do setor. A expectativa é que um workshop sobre as novas projeções marcado para quarta-feira, 6, traga esclarecimentos sobre os ajustes efetuados.

Por Luciana Collet – 04/08/2025
Fonte: Broadcast Energia – Agência Estadão