A comercializadora brasileira da energia Bolt Energy começará a operar na Colômbia em outubro, revelou à BNamericas seu CEO, Gustavo Ayala.
A operação será com um parceiro cujo nome não foi revelado, por meio de um contrato de 25 MW médios (MWm).
“Acreditamos que o mercado colombiano é bom para o trading; tem um regulação para comercialização de energia mais avançada que a do Brasil,” assinalou Ayala.
A empresa priorizará operações estruturadas de baixo risco, enfocando, em uma segunda fase de expansão, o trading puro no mercado atacadista, explorando diretamente a volatilidade e a liquidez oferecidas pela XM, a operadora da bolsa de energia elétrica na Colômbia.
O grupo Bolt projeta um crescimento de 20% em faturamento em 2025, alcançando R$ 1,5 bilhão (US$ 280 mi) e mais de seis unidades de negócio. A entrada no setor de energia colombiano está alinhada com a estratégia de buscar mercados com margens atrativas e grande potencial de crescimento. A expectativa é que o país se torne um dos principais focos da companhia até 2027.
A comercializadora já conta com experiências internacionais, mas sempre com base no Brasil, exportando e/ou importando energia de países como Argentina, Uruguai e Venezuela.
A empresa é a única que importa, atualmente, energia da Venezuela, após o intervalo de cerca de cinco anos em que o fornecimento da hidrelétrica de Guri para o estado de Roraima ficou suspenso.
Segundo Ayala, um dos entraves para retomar o intercâmbio elétrico entre o único estado brasileiro que ainda não está conectado ao sistema elétrico nacional e os venezuelanos eram as más condições de uma linha de transmissão de 1.300 km. Além disso, como não há uma unidade conversora, é comum haver variações de frequência, resultando no desligamento de disjuntores.
“Mas essas questões estão sendo superadas, e nossa ideia é ir até o limite do fornecimento possível,” afirmou o executivo, destacando que, hoje, a linha já funciona como um backup, dando maior segurança para o sistema de Roraima.
A Bolt tem ainda estudos relativos ao Texas, nos EUA, que, de acordo com Ayala, é um case de sucesso de mercado livre de energia. “O Texas terá um crescimento de energia solar exponencial, de cerca de 60GW, nos próximos anos, e nós podemos surfar essa expansão de novas tecnologias, tanto solar como bateria.”
No Brasil, a Bolt atende a aproximadamente 200 clientes do grupo de alta tensão. No fim de junho, a empresa iniciou um contrato de 57 MWm de energia solar pelos próximos 17 anos para mais de 70 unidades hospitalares da Rede D’Or em 13 estados brasileiros.
A eletricidade é oriunda do complexo solar fotovoltaico Lagoinha, recém-inaugurado, na cidade de Russas, no Ceará, sob propriedade da CGN.
Na baixa tensão, sua atuação se dá por meio de seu braço de geração distribuída Bow-e, que arrenda usinas por 20 anos, vendendo energia no varejo. “Com isso, garantimos receita recorrente e vamos nos posicionando para a total abertura do mercado a partir de 2027”, destacou Ayala.
Nos três primeiros meses do ano, a empresa atingiu a marca de 3,36 GWh assinados e conquistou mais de 3.000 novos clientes (chegando a um total de 27.000), faturando R$ 2,8 milhões.
Com 92 MWp em usinas em operação, a Bow-e espera chegar a 120 MWp até o final deste ano.
Por João Montenegro
BNaméricas – 04/07/2027